Somos exortados por Jesus (Mt 6, 1-6.16-18) a assumir práticas religiosas que eram comuns ao povo hebreu, mas agora a serem assumidas com um novo espírito e não só de modo formal, externo. Elas precisam produzir, verdadeiramente, seus frutos em nós. São elas: a oração, a esmola e o jejum.
A oração marca o nosso relacionamento com Deus. Ela deve nos fortalecer no vínculo com Ele, gerando a necessária intimidade com o Senhor e o propósito de, em tudo, fazer a sua santa vontade. Precisamos rezar mais e melhor.
A esmola marca o nosso relacionamento com o outro, o próximo. Mais que dar esmola, é ser esmola. Colocar, à semelhança de Jesus, nossos dons a serviço. Ele veio não para ser servido, mas para servir (Mt 20,28). Passou a vida fazendo o bem (Atos 10,38). O que eu fiz, vão e façam (Jo 13,1-17). Diante da vida ameaçada, precisamos ter os olhos de Deus, agir com compaixão e cuidar uns dos outros, sobretudo dos mais precisados, excluídos e pobres. O que fizeres ao menor dos pequeninos, é a mim que o fizestes (Mt 25,40).
O jejum marca o nosso relacionamento conosco mesmo. A mortificação, a penitência que assumimos deve nos fortalecer em relação aos nossos instintos, não nos deixando escravizar por eles, e nos tornar, de outra parte, mais atentos em servir com amor, com um coração mais desapegado, solidário às dores do mundo, atentos às obras de misericórdia.
É assim que haveremos de vencer as tentações do maligno, como Jesus fez, fiel aos Planos de Deus para a salvação de todos, na realização do messianismo que o Pai lhe confiou (Mt 4,1-11). Em tudo, Ele fez a vontade do Pai.
Somos tentados, como Jesus na ordem dos instintos, dos prazeres desregrados, de nos voltar tão só para nós mesmos, numa vida ensimesmada, para o nosso próprio benefício; somos tentados ao prestígio, da busca do poder pelo poder e do ter, dos bens materiais, como se fossem o sentido último da vida.
Quantas vaidades, quanta ostentação, quanto consumismo… na busca da realização e da felicidade! Tudo em vão, um grande engodo… tudo passa. Tentações de ontem e de hoje que vão ofuscando a nossa vida, não lhe permitindo o brilho que vem do alto, dos ensinamentos da Palavra de Deus.
Saibamos fazer as escolhas certas: não à morte e ao mal; mas sim à vida e ao bem (Dt 30,15). Renovemos nesta quaresma o nosso desejo, sincero e verdadeiro, de seguir Jesus Cristo – Caminho, Verdade e Vida, buscando a conversão do coração e das estruturas injustas, em preparação à Pascoa do Senhor. Não deixe de fazer este caminho. O tempo propício é agora. Faze isto e viverás (Lc 10,28).
Pe. Marcelo Moreira Santiago