Dom Adelar Baruffi
Bispo de Cruz Alta
As Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil para o quadriênio 2019-2023, aprovadas na 57ª Assembleia Geral da CNBB, têm como objetivo: “Evangelizar no Brasil cada vez mais urbano, pelo anúncio da Palavra de Deus, formando discípulos e discípulas de Jesus Cristo, em comunidades eclesiais missionárias, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, cuidando da Casa Comum e testemunhando o Reino de Deus, rumo à plenitude”.
A missão é sempre a mesma, dada por Jesus Cristo à Igreja, como sua identidade, o anúncio do Evangelho. “Ide pelo mundo inteiro e proclamai o Evangelho a toda a criatura” (Mc 16,15). Porém, em cada época, o mundo tem suas características próprias. Vemos crescer a mentalidade urbana, que não está somente nas cidades, mas atinge todos os ambientes. Uma das características desta cultura urbana é sua constate mudança, de maneira acelerada. Não nos ajuda termos nostalgia de uma visão de mundo que já não existe. A cultura urbana moderna traz consigo imensos desafios para a evangelização, como o individualismo consumista, mas, também, oferece oportunidades, pois Cristo vivo é a resposta à busca de sentido e de vida plena presentes no coração humano. “A vida que Jesus nos dá é uma história de amor, uma história de vida que quer se misturar com a nossa e criar raízes na terra de cada um” (CV 252), nos diz Francisco. Por isso, se reafirma o caminho que nossas comunidades já fazem, de não dar por pressuposto o anúncio de Jesus Cristo. A comunidade será sempre missionária. A conversão pastoral, que está a caminho em nossas dioceses, pede que toda a ação da Igreja seja vista a partir do paradigma missionário. Implica a formação de pequenas comunidades eclesiais missionárias, nos mais variados ambientes, que sejam casas da Palavra, do Pão, da caridade e abertas à ação missionária, salientam as Diretrizes.
A imagem bíblica escolhida é a da “casa”. Ela nos oferece a ideia do lar, da acolhida, do pertencimento, do amor como único caminho para a comunhão e das portas abertas para entrar e ir em missão. São chamadas a serem espaço de encontro, da ternura e da solidariedade, são o lugar da família, com suas portas abertas. Não foram criados novos projetos, mas confirmados os pontos fundamentais que já estamos organizados em nossas comunidades, agora como “pilares” da “casa”. O primeiro pilar é a Palavra. A escuta da Palavra pede conversão da vida, configuração a Cristo, num encontro pessoal e comunitário sempre renovado, no caminho da Iniciação à Vida Cristã. O encontro com a Palavra muda a vida e dá sentido ao ser e agir de quem é cristão, corrige posturas e forma no modo de ser, de pensar e de agir de Jesus Cristo. O segundo pilar é o Pão, a liturgia e a espiritualidade. A Palavra conduz à Eucaristia, alimenta a espiritualidade e compromete o diálogo cotidiano com o Senhor na oração. Os cristãos formam uma casa de batizados orantes. O terceiro pilar da casa é a Caridade. O serviço à vida plena, o amor preferencial pelos pobres, como o fez Jesus, é consequência de uma vida de amizade, uma fé madura e uma oração intensa. As questões sociais devem ser assumidas por todos os batizados, com todos seus desafios. O quarto pilar é a Missão, como uma atitude permanente. Cada comunidade é desafiada a encontrar caminhos práticos para que todos os cristãos vivam a missionariedade. A Igreja nunca terá concluído sua tarefa missionária!
Enfim, Palavra, Pão, Caridade e Ação Missionária são as palavras centrais de nossas comunidades eclesiais missionárias.