Prezados professores e professoras, parabéns pelo seu dia. Estamos aqui, em nossa paróquia Nossa Senhora do Pilar de Ouro Preto, celebrando este dia em homenagem a vocês, porque acreditamos nesta missão tão bela de ensinar os valores humanos e cristãos. Nosso objetivo educacional é trabalhar para que a nossa educação ensine a viver humanamente. Pois “se quisermos um mundo de paz e de justiça, devemos colocar decididamente a Inteligência a serviço do amor” – Antoine de Saint-Éxupery.
Nesse contexto de desumanização e violência, o objetivo de toda educação genuína e profética, não pode ser outro senão recuperar a dignidade das pessoas e ensinar a viver humanamente. Trata-se de uma educação que desperte as pessoas, que produza compaixão e misericórdia. Educação que recupere a aventura apaixonante de chegar a ser pessoa, de voltar a “ser moda” o ser humano. Uma educação que desperte o ser humano para construir a personalidade e dar rumo à nossa vocação no mundo. Trata-se de desenvolver a semente de si mesmo, de promover não o conformismo e a submissão, mas de dar asas à liberdade.
Aprender a viver como seres humanos, de aprender a amar e ser livres, de despertar uma nova consciência. Saber que viver é fazer-se, construir-se, inventar-se, desenvolver os talentos e possibilidades, chegar a ser autenticamente livre. Deram-nos a vida, mas não no-la deram pronta. A educação profética e humanizadora, que tanto precisamos, deve ensinar a viver, a defender a vida, a assumir como tarefa, como projeto. Educar é ajudar cada estudante a se conhecer, a valorizar-se e a empreender com honestidade o caminho da própria realidade. O único conhecimento realmente importante é o conhecimento de si mesmo
Neste sentido, caros educadores e educadoras, gostaria de partilhar com vocês, algumas breves reflexões que poderão iluminar o trabalho de vocês.
Para assumir o protagonismo que lhes corresponde, vocês deverão transformar profundamente o papel que desempenham. E isto percebemos bem entre nós, Graças a Deus! Já não vemos somente transmissores de conteúdos em sala de aulas, ou cuidadores de crianças e jovens enquanto os pais trabalham, mas sim educadores socialmente comprometidos com o país, que transformam as nossas salas de aula em lugares de trabalho sério, participação, formação e produção. Louvamos a Deus pela formação de vocês, onde entendem que a missão primordial do professor é estimular a aprendizagem e a formação cidadã, humana e cristã e reconhecem que o fracasso dos alunos é o seu próprio fracasso. Pois a educação fracassa não somente quando os alunos não adquirem as competências essenciais, mas quando não se é capaz de transmitir a eles a motivação e o interesse para construir um mundo e uma sociedade mais humanos, mais equitativos e mais justos.
Nos Evangelhos, vemos que Jesus critica os MESTRES da lei. Precisamos, afinal, de Mestres, mas não como aqueles do tempo de Jesus. Hoje, temos muitos licenciados mestres e doutores, mas ainda temos escassez de verdadeiros mestres, isto é, homens e mulheres que concebem a educação como um projeto ético, especialistas em humanidade e cidadania; que encarnam estilos de vida, ideais, modos de realização humana que, com seu exemplo e vida, promovem uma vida plena, ajudam a ser. Pessoas que buscam a formação contínua para melhor servir os alunos.
Mestres que “ajudam a buscar conhecimentos sem os impor, que guiam as mentes sem as modelar, que facilitam uma relação progressiva com a verdade e vivem a tarefa como uma aventura humanizadora em colaboração com os outros (Barrero Díaz, 2001, p. 702). Mestres identificados com a missão de sua escola, que se concebem como membros de um projeto coletivo e comunitário, não meramente de uma matéria ou de uma classe, que entendem a identidade como inovação e transformação permanentes. Mestres humanos, próximos dos alunos. Mestres comprometidos em revitalizar a sociedade, empenhados em superar, mediante a educação, a atual crise de civilização que estamos vivendo; capazes de refletir e de aprender permanentemente de seu fazer pedagógico. Mestres preparados e dispostos a liderar as mudanças necessárias, que se esforçam a cada dia para serem melhores e para melhorar a educação e a sociedade.
Mestres que se concebem como educadores de humanidade, de valores determinados, de uma forma de ser e de sentir. Ser mestre, educador, é algo mais complexo, sublime e importante de que ensinar qualquer ciência, por mais importante e necessária que ela seja. Educar é iluminar pessoas autônomas e solidárias, dar a mão, oferecer os olhos para que os alunos possam se olhar neles, verem-se belos e queridos, de modo que possam olhar a realidade e os demais sem medo. O trabalho do professor, neste sentido, é missão e não simplesmente profissão. Implica não somente em dedicar horas e horas, mas dedicar a alma. Exige não somente ocupação, mas vocação. O educador está disposto não somente a dar tempo, dar aulas, mas a se dar.
Sem os senhores e as senhoras, caros mestres, que tem esperança no ser humano, com atitude aberta e solidária, compaixão efetiva, sentido crítico diante do dado e em busca de um exercício de liberdade responsável, verdadeiros educadores-profetas, não haveria futuro para educação nem para o mundo.
Sendo assim, nós lhes saudamos, e desejamos muito força nesta nobre e árdua missão. Ser professor é a profissão mais importante e mais digna. Que Santa Teresa Ávila ou de Jesus, aquela que celebramos no dia de hoje, Padroeira dos Professores (as) – Santa e Doutora da Igreja, nos ajude a todos, intercedendo a Deus por cada um, por suas famílias, pelas nossas Instituições de ensino e por nossos estudantes. Termino com um pensamento clássico de nossa padroeira.
“ Nada te perturbe, Nada te espante,
Tudo passa, Deus não muda,
A paciência tudo alcança;
Quem a Deus tem, Nada lhe falta:
Só Deus basta .”
Parabéns, mais uma vez, nossos mestres.
Pe Adilson Luiz Umbelino Couto – Pároco de Nossa Senhora do Pilar