Celebramos, em dois momentos, na liturgia da Igreja, a memória de São José. No dia 19 de março, exaltando suas virtudes e a missão que Deus lhe confiou, lembramos São José, esposo da Virgem Maria, Pai adotivo do Menino Deus, Padroeiro da Igreja, da Família e das Vocações. No dia 1º de maio, nosso olhar se volta para os trabalhadores e trabalhadoras, vendo em São José um homem justo e trabalhador.
De fato, São José foi o escolhido entre todos os homens para acompanhar Maria, a Mãe de Jesus, e cuidar do filho de Deus na família de Nazaré. Sua vida não foi fácil: experienciou, junto a seu povo, o sofrimento e a dor, sob o domínio do Império Romano; viveu uma vida de humildade, pobreza e simplicidade, no exercício da profissão de carpinteiro; fugiu, com Maria e o menino Deus, quando Herodes quis matá-lo, obrigados a viver, por algum tempo, no Egito, em terra estrangeira; acompanhou Maria nos sofrimentos pela perda do menino Deus no Templo…
Tudo isto nos mostra que o fato da fé não tira de nós as preocupações da vida, mas ela traz um diferencial: Sabemos que não estamos sós, Deus é nosso aliado. São José fez esta experiência em sua vida. Como sua esposa Maria, colocou também sua vida nas mãos de Deus, e se fez instrumento d’Ele.
Ao celebrá-lo, honrando a sua memória, queremos, como devotos e devotas, aprender com ele a confiar em Deus e a ser instrumento de seu amor; a dizer sempre SIM ao chamado e à missão que Ele nos confia; a não desanimar diante das provações e dificuldades da vida; a servir a Deus, servindo os irmãos e irmãs, a começar dos mais necessitados, pobres e excluídos; a educar o nosso coração na virtude, vivendo com retidão e humildade, testemunhando a fé em boas obras.
Nosso olhar hoje se volta, de modo especial, para os trabalhadores e trabalhadoras, num momento de caos econômico e social. Cresce o desemprego e a carestia; em curso, um verdadeiro desmonte social, sobretudo, com as reformas trabalhista e da previdência social que cortaram direitos dos trabalhadores/as; não ativaram a economia; trouxeram, ao contrário, mais informalidade, fome e miséria; mais concentração de bens nas mãos de uns poucos, desigualdade social e aumento da linha de pobreza.
Peçamos a São José que ilumine, com seu exemplo e intercessão, a todos nós, nas lutas por emprego, dignidade do trabalho e respeito ao trabalhador/a, sobretudo, ilumine nossas autoridades, em tempos do corona vírus, para que possam estar à altura dos desafios destes novos tempos.
Acima da economia, acima do fruto do trabalho, está o ser humano, o único ser que trabalha, uma vez que os demais animais cumprem atividades. Por isso, o ser humano é imagem e semelhança de Deus, que é trabalhador – o criador e condutor de todo o universo. Nosso trabalho é, então, participação na obra criadora de Deus, por vida, dignidade em prol do bem comum, de uma sociedade do bem viver e do conviver, um mundo melhor para todos. Sonho de Deus para a criatura humana.
Um longo caminho, temos a percorrer para contemplar com os olhos de Deus e poder dizer, no mundo do trabalho e diante da obra realizada: “que tudo era bom, muito bom” (Gn 1,31). Peçamos confiantes: São José, rogai por nós!
Pe. Marcelo Moreira Santiago