Mons. Luiz Antônio Reis Costa
A instrução geral do Missal Romano (IGMR) assim caracteriza esse tempo litúrgico: “o tempo do Advento possui uma dupla característica: sendo um tempo de preparação para as solenidades do Natal, em que se comemora a primeira vinda do Filho de Deus entre os homens, é também um tempo em que, por meio desta lembrança, voltam-se os corações para a expectativa da segunda vinda de Cristo no fim dos tempos. Por este duplo motivo, o tempo do Advento se apresenta como um tempo de piedosa expectativa” (IGMR 39). Foi acertada a escolha do termo “Advento” (do latimadventus: vinda, chegada) para designar esse período com um pouco mais de três semanas.
A instituição do Advento como tempo preparatório para o Natal já era conhecida na Espanha do final do século IV, conforme consta numa determinação do concílio de Saragoça, celebrado no ano de 380. Ao longo do século V o costume de se celebrar o Advento se espalhou pelo Ocidente. Naquela época a duração do Advento variava conforme a região. Havia uma tendência em se equiparar o Advento com a Quaresma tanto na duração quanto no rigor das penitências. Assim, nas Gálias (hoje França), na Espanha e no Rito Ambrosiano (Milão) o Advento começava no dia 11 de novembro (festa de São Martinho) e se prescreviam aos fiéis a prática obrigatória de três ou quatro jejuns semanais. Novamente imitando a Quaresma, as imagens e os retábulos eram cobertos por um véu nos últimos dias do Advento.
Atualmente o Advento começa nas primeiras vésperas, isto é, ao entardecer do sábado mais próximo da festa de santo André Apóstolo (30 de novembro). O rigoroso caráter penitencial foi substituído pela expectativa jubilosa e vigilante da vinda definitiva do Senhor e pela alegria gerada pelo mistério da encarnação.
Na atual divisão do ano litúrgico o Advento é aquele tempo que mais explicitamente apresenta o mistério da vinda definitiva de Cristo. Por isso, é um período que não pode ser reduzido a uma mera preparação para o Natal. Destituído da escatologia o Advento perderia a sua verdadeira identidade. Deixaria de ser um tempo de espera vigilante para se tornar um tempo de nostalgia, de ser um tempo de ardente desejo da vinda de Cristo para se limitar a uma recordação sentimental do seu nascimento em Belém. Assim, a primeira parte do Advento (até o dia 16 de dezembro) tem um evidente caráter escatológico e considera-se o Cristo que voltará no fim dos tempos. Na segunda parte do Advento (de 17 a 24 de dezembro) contempla-se o mistério do Verbo que se fez carne e nasceu em Belém, realizando assim uma preparação imediata para a grande solenidade do Natal.
Como bem esclareceu Frei Alberto Beckhäuser (+ 2017): “o refrão que perpassa todo o tempo do Advento é: Vinde, Senhor Jesus!. A Igreja nos convida a vivermos o mistério da vinda do Senhor num tempo forte durante o ano, para que toda a nossa vida seja preparação para a vinda de Cristo. Para que o Senhor ao chegar, a cada hora, a cada dia, a cada ano, nos encontre preparados para acolhê-lo”.
Fonte: Arquidiocese de Mariana