No último dia 03 de maio, mesmo em tempos de corona vírus, obedecendo ao necessário isolamento social, as cruzes em praças, pontes e fontes, em nossa Ouro Preto, foram enfeitadas.
Ao que tudo indica, esta tradição remonta ao século IV, ao tempo do Imperador Constantino, quando, supostamente, foi encontrada, em incursões nas terras de Israel, a cruz desaparecida de Nosso Senhor Jesus Cristo.
No Brasil, esta tradição teve início com os padres jesuítas e aqui também chegou com as primeiras bandeiras, dando início a um novo povoamento de nossa Vila Rica. A cruz presente em lugares públicos e nas casas foi sempre um sinal de súplica confiante a Deus para abençoar os espaços, as terras, as famílias, os animais e os que seguem pelo caminho.
Em Ouro Preto, este costume se mantém. A cada 03 de maio, celebrado como o “Dia da Santa Cruz”, as muitas cruzes em áreas públicas são enfeitadas com papel colorido, fuxico ou chita, com flores e outros ornamentos. Ali, de muitas maneiras, se presta devoção, com rezas devocionais que vencem séculos.
Na liturgia da Igreja se recorda este dia como o da descoberta, séculos depois, do madeiro santo onde Jesus foi pregado, nos trazendo vida nova e salvação. No dia 14 de setembro, em outra data, celebra-se a festa da Exaltação da Santa Cruz e o dia devocional do Senhor Bom Jesus.
Diante da cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, nós choramos nossos pecados, causa de tão grande sofrer; diante de sua cruz, nós dobramos os joelhos em ação de graças, súplica confiante e louvor. Ó feliz cruz, cujos braços do Salvador, ergueu. Por este gesto, da misericórdia infinita de Deus, a salvação entrou no mundo e, com esse sinal, a vida se plenificou para todos nós.
A cruz é sinal de vida, de libertação, sinal de amor. Não existe ressurreição sem cruz. Tomemos nossa cruz no seguimento de Jesus Cristo. Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14,16).
Tomar a cruz é ser “+” (mais), é viver sob a haste vertical que nos leva a Deus, no amor filial para com ele; é viver sob a haste horizontal que nos leva ao próximo, à vivência do amor fraterno. Cruz, salvação e amor, tem tudo a ver. Não tenhamos dúvidas: Com este sinal, venceremos!
Pe. Marcelo Moreira Santiago